terça-feira, 25 de outubro de 2011

Muito é tão pouco

Te sentava na cadeira, te experimentava. Sentia teu cheiro e tentava descobrir do que era. Amêndoas, nozes, tempero, cheiro verde. Te sentava e te beijava, te sentia o gosto. Comparava com sorvete, com cerveja, com o bolo da doceria da esquina. Te sentava na cadeira, te cheirava, machucava seu pescoço. Sentia o cheiro do sangue, do intenso, do incenso. Do gato da vizinha, do meu shampoo, da sua jaqueta de couro. Te provava e sentia o gosto do café de mais cedo, do macarrão que viria e dos comentários sobre o filme. Sentia o cheiro do vento, via as cores do sol poente e te via no espelho.
Tão lindo.
Mas era tão curto. E durava noites inteiras, chuvas inteiras, dias nublados. Finais de semana, inícios, meios. Até onde a gente conseguia contar, até meu livro acabar, até o filme começar. Mas era curto. Era sempre pouco. Sempre vai ser efêmero.
E é mais que o suficiente.

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