sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Majesty

Me pedia café bem quente e deixava esfriar. Fazia isso o tempo todo. "Mais foi culpa tua que veio me beijar". Nem tocava nela. Do jeito que era, era capaz de dizer por aí que a estuprei. Cantava o tempo todo, e sempre com falsetes. "Soa mais profissional, amor". Aí já viu... Quando me chamava de amor, eu sabia o que iria acontecer. Amaria todas as partes do meu corpo, em todos os cômodos do apartamento velho e depois me faria fazer (mais) café. Voltaríamos ao início.
Às vezes chorava, às vezes fugia. Mas sempre acabava onde todas as mulheres bonitas acabam: no fundo de uma gaveta, descrita por palavras que nunca iriam fazer jus.
Ainda anda por aqui, ainda me arranha com a s unhas vermelhas, ainda me beija com os lábios carnudos, ainda me chama de amor.
Ainda exige café quente, ainda me deixa esfriar.