sábado, 22 de maio de 2010

Hector #2

Às vezes eu estava lá, com a mão sobre o coração, em uma tentativa vã de fazê-lo ficar no lugar, enquanto Hector dizia que ficaria careca para testar o meu amor. Eu fazia uma cara de desespero e ele ria, bagunçando os fios ruivos de uma forma adorável. Eu fazia um drama, dizia que não tinha graça e me jogava no chão frio simulando um desmaio. Ele passava por cima de mim ignorando totalmente minha presença e ia ao quarto. Trazia alguma lingerie e mandava eu vestir. Depois, me olhava com aquele olhar cheio de intenções e me desenhava. Eu sorria e abaixava a cabeça, tinha vergonha. Ele ficava lá, me olhando, rindo. Ao acabar, largava o carvão em algum lugar e me abraçava. Me deixava com marcas, mas isso era o de menos. Dizia-me para cantar ao seu ouvido e eu o fazia. Ia embora, ficava alguns dias sem aparecer e voltava com um buquê de tulipas azuis e os olhos mergulhados em café. Me olhava, me queria.
Inexistia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário